A contabilidade para igreja é um tema que gera muitas dúvidas entre líderes religiosos e gestores de instituições religiosas.
Na prática, isso porque, diferentemente de empresas comuns, as igrejas possuem particularidades na sua gestão contábil, tributária e legal. Apesar de serem entidades sem fins lucrativos, elas não estão dispensadas de prestar contas ao fisco e aos seus membros.
Neste artigo, vamos esclarecer os principais pontos sobre a contabilidade de igrejas, explicando sua importância, as obrigações legais, como manter a regularidade fiscal e quais os cuidados essenciais para evitar problemas com a Receita Federal.
A igreja precisa ter contabilidade?
Sim, a igreja precisa de contabilidade. Embora seja uma entidade sem fins lucrativos, ela é considerada uma pessoa jurídica perante a legislação brasileira e, portanto, está sujeita a regras específicas.
A contabilidade é o instrumento que garante transparência e legalidade, registrando todas as entradas e saídas financeiras, como dízimos, ofertas, doações, aluguéis de espaços e despesas operacionais.
Além de obrigatória, a contabilidade é uma forma de demonstrar aos membros e ao governo que os recursos estão sendo aplicados corretamente, reforçando a credibilidade da instituição.
Por que a contabilidade para igreja é diferente?
A diferença principal está no objetivo social da entidade. Enquanto empresas visam ao lucro, as igrejas existem para fins religiosos, sociais e espirituais. Isso altera a forma de tributação e os tipos de documentos que devem ser emitidos.
Alguns exemplos de particularidades são:
- Igrejas têm imunidade tributária constitucional em relação a impostos sobre patrimônio, renda e serviços relacionados às suas finalidades essenciais.
- Mesmo com imunidade, continuam sujeitas a contribuições sociais, obrigações trabalhistas e previdenciárias.
- Precisam manter escrituração contábil organizada, com demonstrações financeiras e relatórios anuais.
Ou seja, a contabilidade da igreja deve respeitar suas especificidades, mas não pode ser ignorada.
Quais são as obrigações legais de uma igreja?
Muitos acreditam que, por não ter fins lucrativos, a igreja não tem responsabilidades fiscais. Isso é um engano perigoso. Veja as principais obrigações:
Elaboração do estatuto social
Toda igreja precisa de um estatuto social, registrado em cartório, que defina a estrutura administrativa, os direitos e deveres dos membros e como serão tomadas as decisões internas.
Cadastro no CNPJ
A igreja deve obter um CNPJ junto à Receita Federal. É esse registro que permite abrir conta bancária, contratar funcionários e emitir documentos legais.
Escrituração contábil
A contabilidade deve registrar receitas e despesas, elaborando relatórios periódicos, como:
- Balanço patrimonial
- Demonstração do resultado do exercício (DRE)
- Demonstração de origem e aplicação de recursos
Declarações fiscais
Apesar da imunidade tributária, igrejas precisam entregar declarações à Receita Federal, como:
- ECD (Escrituração Contábil Digital)
- DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), em alguns casos
- eSocial, para informações trabalhistas e previdenciárias
Obrigações trabalhistas
Se a igreja contrata funcionários, deve cumprir todas as obrigações da CLT, incluindo:
- Registro em carteira
- Pagamento de salários e férias
- Recolhimento de INSS e FGTS
Portanto, uma igreja não está isenta de regras — apenas possui tratamento diferenciado em relação aos impostos.
Como funciona a imunidade tributária das igrejas?
A Constituição Federal garante imunidade tributária para templos de qualquer culto, proibindo a cobrança de impostos sobre patrimônio, renda e serviços relacionados às atividades essenciais.
Isso significa que igrejas não pagam IPTU, ISS ou Imposto de Renda sobre suas atividades religiosas.
No entanto, é importante destacar que a imunidade não é automática: a igreja precisa comprovar que aplica seus recursos em suas finalidades essenciais, o que só é possível com uma contabilidade organizada.
Além disso, a imunidade não se estende a todos os casos. Por exemplo:
- Se a igreja tem um imóvel alugado para fins comerciais, o aluguel pode ser tributado.
- Caso haja exploração de atividades alheias ao culto, pode haver cobrança de impostos.
Como organizar a contabilidade da igreja?
Uma boa contabilidade começa com organização financeira. Veja alguns passos importantes:
- Abrir conta bancária em nome da igreja: Nunca misture finanças pessoais com as da instituição.
- Emitir recibos de doações e dízimos: Todos os valores recebidos devem ser registrados. Hoje, o sistema Receita Saúde substituiu os recibos em papel.
- Registrar todas as despesas: Desde contas de água e luz até a manutenção do templo e folha de pagamento.
- Elaborar relatórios periódicos: A contabilidade deve ser feita mensalmente, com relatórios para análise da liderança.
- Guardar documentos fiscais: Notas fiscais, comprovantes e contratos devem estar arquivados por pelo menos 5 anos.
Dúvidas frequentes sobre contabilidade de igrejas
- A igreja precisa declarar Imposto de Renda?
Não há declaração de IR como pessoa física, mas a igreja deve apresentar obrigações acessórias como qualquer outra pessoa jurídica, além de manter sua contabilidade regular.
- O dízimo é tributado?
Não. O dízimo e as ofertas são considerados doações voluntárias e, quando aplicados nas finalidades da igreja, estão protegidos pela imunidade tributária.
- A igreja pode contratar funcionários?
Sim. Pastores, secretários, músicos e outros colaboradores podem ser contratados formalmente, com carteira assinada e recolhimento de encargos trabalhistas.
- A contabilidade é obrigatória mesmo para igrejas pequenas?
Sim. A legislação não diferencia igrejas grandes ou pequenas. Todas precisam ter contabilidade, mesmo que tenham poucos recursos.
O que acontece se a igreja não tiver contabilidade?
A ausência de contabilidade pode gerar problemas sérios, como:
- Perda da imunidade tributária
- Multas da Receita Federal
- Dificuldade em comprovar a origem e aplicação dos recursos
- Risco de processos contra os dirigentes
A importância de contar com uma contabilidade especializada em igrejas
Muitos líderes religiosos tentam manter a contabilidade sozinhos ou com apoio de pessoas voluntárias da comunidade. Porém, pela complexidade da legislação e pela responsabilidade legal, o ideal é contar com um contador especializado em igrejas.
Uma assessoria contábil especializada ajuda em pontos como:
- Registro e abertura da igreja no CNPJ
- Elaboração do estatuto social
- Organização das finanças
- Elaboração de declarações obrigatórias
- Orientação sobre contratação de funcionários
- Planejamento para manter a imunidade tributária
Dessa forma, a liderança pode focar na missão espiritual e social da igreja, sabendo que a parte contábil está sendo cuidada corretamente.
Conclusão
A contabilidade para igreja não é apenas uma obrigação legal, mas também um instrumento de transparência e segurança para a instituição. Manter as finanças organizadas fortalece a credibilidade da igreja perante seus membros, assegura o cumprimento das exigências legais e preserva a imunidade tributária.
Se a sua igreja precisa de apoio para se manter em conformidade com a legislação, a ICTUS Contabilidade pode ajudar.
Nossa equipe é especializada em contabilidade para igrejas e garante a tranquilidade que sua instituição precisa para focar no que realmente importa: a missão espiritual.